quinta-feira, 14 de julho de 2011

Parte III - Caiu feito um patinho.



               Sentei em cima da cama de casal do quarto. Samantha pediu. Ela sentou ao meu lado. “Então, o que veio fazer, meu querido?” Perguntou. “Vim devolver seu colar. Acho que caiu de seu pescoço e você não percebeu.” Respondi. “Ah, claro, obrigada.” Samantha pegou seu colar e o jogou na cama, como se o objeto não importasse naquele momento.
               “Bom... Acho que agora tenho que ir. Já cumpri o que havia vindo fazer.” Na verdade, eu queria ficar. Só estava sendo cordial. “Não. Não precisa ter tanta pressa, Samuel...” Ela colocou a mão em meu ombro. Eu não estava resistindo. Aqueles lábios, corpo... Parecia até que Samantha tentava me seduzir, me trazer pro jogo dela. A adivinha? Ela estava conseguindo.
               Aquele ser maravilhoso continuava falando. Sua boca se aproximando cada vez mais...“ Podemos fazer muitas coisas... Muitas coisas... Muitas coisas...” E aconteceu. Nos beijamos ardentemente. Coloquei toda a fúria do meu corpo naquele ato.
               O fogo acendia. A chama dançava dentro de mim. Eu já começava a sentir minha camisa sendo tirada e pude deslizar minhas mãos sobre aqueles cabelos negros.
               A noite iria ser longa...
               Quando acordei, não havia ninguém na cama, além de mim. “Samantha?” Procurei por ela no quarto. Nada. Porém, ao olhar atentamente para a cama, encontrei um papel que dizia: Samuel. Fui resolver um assunto. Espero vê-lo novamente à noite. Samantha.
               Fiquei feliz por ler aquilo. É claro que eu não recusaria tal convite.
               Depois que saí do hotel, fui para casa. Encontrei Alícia sentada no sofá da sala de estar. “Onde você estava?” Ela perguntou. Sua expressão era séria. “Fui dar uma volta. Só queria me distrair um pouco.” Respondi. “E essa distração tem a ver com essa mancha de batom na sua camisa? Sam, me fale a verdade!” Minha irmã já estava me estressando. Seria melhor falar logo de uma vez. “É, eu estava com uma mulher! O nome dela é Samantha! Está hospedada no hotel Santoro! Ela estava no velório ontem. Tentei apresentar você à ela, mas não te encontrei. Satisfeita?” Coloquei tudo pra fora.
               “No velório?! Quem é essa mulher?!” A frustração começava a mesclar-se com a confusão na expressão de Alicia. “Ela disse que era uma velha amiga da mamãe! Fizeram o mesmo curso. Passaram na mesma época!” As informações foram dadas. “Você está saindo com uma mulher que é vinte anos mais velha que você?!” Ela se exaltou. “Não sei se são vinte anos. Não perguntei a idade dela.” Poderia ser mais ou menos, mas seria melhor não elevar a raiva da minha irmã.
               “Se ela passou na universidade na mesma época que a mamãe, deve ser nesse patamar! Sam, o que você acha que está fazendo?” O moralismo de Alicia estava me enchendo. Achei que seria melhor acabar com aquilo de uma vez por rodas. “Eu estava triste! Solitário! Só encontrei alguém para me divertir! O que tem de mal nisso?!” Elevei meu tom de voz, “Estou cansado agora! Vou pro meu quarto, se você não se importa!” E subi as escadas furiosamente.
               Tomei um banho e fui para minha cama. Ainda com os olhos abertos, fiquei pensando na discussão entre Alicia e eu. Realmente, não sabíamos nada sobre Samantha, principalmente ela. Nem mesmo o sobrenome. Porém achei que seria fácil de descobrir. Bastava procurar pela lista de aprovados no vestibular na época que a minha mãe passou, em 1985.
               Peguei meu notebook. Acessei a internet e comecei a procurar. Não demorei muito para achar. Foram cerca de quinze minutos. Já estava com a lista dos aprovados de 1985 em Psicologia, curso em que minha mãe se formou. Comecei a ler...
               Nomes, nomes, nomes...
               Consegui encontrar o da minha mãe, Judith Soraya Montenegro, ainda era seu nome de solteira. Depois mudou para “Hollander”, o sobrenome do meu pai.
               Continuei lendo... Porém não cheguei a lugar algum.
               Não havia nenhuma Samantha na lista.
             
               Por: Gabriel Phelipe Dantas.
               - Em breve a 4ª parte.

3 comentários:

  1. Fico cada vez mais apaixonada pelos escritos dos novos escritores do meu lugar...Amei.Em agosto teremos uma amostra dos escritores potiguares no projeto do Cmei que eu faço parte. Parabéns.Entrem em contato...

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  2. Nossa que interessante,não peguei as primeiras partes, mas vou dar uma lida! Muito legal!

    Beijos da Gih

    http://kastmaker.blogspot.com

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