sábado, 2 de julho de 2011

Parte I – A chegada de uma estranha.


          Tudo começou no dia 17 de Junho. Foi quando conheci a pessoa que fez a minha vida virar um sonho, transformando-a depois em um pesadelo.
Minha mãe, Judith, falecera. Ela sofreu um ataque cardíaco. Eu e minha irmã, Alicia, agimos tudo a respeito de seu velório. Nosso pai morreu quando éramos pequenos. Eu e ela temos a mesma idade, vinte e um anos, pois somos gêmeos. A perda de nossa mãe foi uma tragédia. Naquele dia, eu pensava no que fazer da vida depois. Meus pensamentos estavam completamente desordenados.
          A primeira parte do velório, quando o corpo fica à mostra, aconteceu em nossa casa pela parte da tarde. Era grande, espaçosa e muito confortável. Quem diria que lá seria o lugar que começaria o meu pesadelo...
          Havia muitas pessoas naquele dia. Nosso vizinho, Sr. Santis, não parava de chorar. Ele e meus pais eram muito amigos, inclusive eles o ajudaram muito depois da perda de Mary, sua esposa. Também vi a família Rocha, Vivian e Mário Rocha e seus dois filhos, Edson e Lilly. Várias pessoas compareceram, mas uma delas chamou minha atenção de um jeito que nenhuma outra poderia chamar...
          Uma mulher. Estava vestida em preto. Meu Deus, como era linda... Seus olhos eram castanho-esverdeados, o cabelo negro como a cor de um corvo, corpo exuberante e lábios que o batom vermelho deixava ainda mais belos. Eu não a conhecia. Não fazia idéia de onde ela vinha.
Meus olhos só conseguiam enxergá-la.
          De repente, ela virou a cabeça para o lado esquerdo. Me viu. Com passos graciosos, a mulher começou a se aproximar de mim. Eu estava hipnotizado. “Olá. Você deve ser Samuel Hollander. Certo?” Ela disse. Seus lábios se moviam em uma sincronia sensual. “Sim. Sou eu.” Respondi. “Sou uma velha amiga de seus pais. Me chamo Samantha. Assim que soube da morte de Judith, não pude deixar de comparecer.” Após falar, ela apenas esperou minha reação. “É uma triste perda. Minha mãe tinha uma vida muito feliz aqui. Aliás, enquanto viva, ela nunca nos falou sobre você.” Falei.
          “Nunca mais nos vimos. Éramos melhores amigas na universidade, fazíamos o mesmo curso. Depois que ela se casou com seu pai, me mudei para outra cidade. Espero que não se incomode por eu estar aqui.” É claro que eu não iria me incomodar. “Tudo bem. É bom saber que existem pessoas que valorizam as amizades mesmo estando longe delas.” Repliquei. Logo em seguida, Samantha me abraçou. Seu toque era suave, mas ecoou em todo o meu corpo. “Meus pêsames, Samuel.” Ela disse, sussurrando.
          Samantha me soltou. Ela me olhou nos olhos e disse: “Se precisar de alguma coisa, estou no Hotel Santorini. Fica perto daqui. Meu quarto é o 203.” Encarei aquilo como um convite. Eu estava sem palavras. Não sabia mais o que falar. “Deixe-me apresentá-la à minha irmã, seu nome é Alicia...” Eu disse. Virei-me e fiquei de costas para Samantha, tentando encontrar minha irmã no meio das pessoas. “Depois, Samuel. Preciso ir. Tenho assuntos importantes a resolver.” Fiquei de frente à ela novamente. “Então, tudo bem. Depois vocês podem se conhecer.” Respondi. E Samantha assentiu.
          Ela se fora. Fiquei olhando-a andar até não poder mais.
          Realmente, me dera uma vontade de visitá-la no Hotel Santorini, porém não podia. Não iria chegar lá sem motivo algum, sem saber o que falar. Mas um detalhe mudou a rota do destino...
         Olhei para o chão e vi um colar. Estava em frente aos meus pés. Era de pérolas. Só podia ser de Samantha. Naquele momento, só pensei em uma coisa: “Tenho que devolver. Hotel Santorini, quarto 203.” Seria melhor esperar a noite chegar.

Por: Gabriel Phelipe Dantas.
- Em breve, a segunda parte.

9 comentários:

  1. Achei bem interessante ^^
    Vou esperar pela continuação!
    Beijos!

    http://minha-vida-literaria.blogspot.com/

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  2. No minimo mágico, adorei, ainda está de pé o convite...

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  3. Gostei do enredo, mas tem-se que fazer alguns ajustes no texto em si. Sua imaginação vai longe, muito bom.

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  4. Ter nas veias o dom da escrita e´ir onde ninguém foi.Tenho orgulho de você ter sido um dos alunos da turma maravilhosa do ENSN.Em março de 2012, na Capitania das Artes(Natal), tem a maratona dos contadores de historia...Continue escrevendo, pois voce, Bianca, Katia, William e os outros selecionados irao mais longe do que voces imaginam.Um cheiro de Tia Antonia.

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  5. Adorei o texto. Realmente maravilhoso! Já estou aguardando a segundo parte! Parabéns! :)

    Beijinhos, :*

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Gostei muito, bom trabalho Phellipe . :*

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