domingo, 9 de outubro de 2011

O peso da culpa

          
                Parte I - Vida perdida.

                Há um tempo, meu amigo e eu sofremos um acidente. Eu o convenci a ir para uma festa que estava acontecendo do outro lado da cidade. Apesar de nossos pais não terem dado permissão, fomos escondidos no carro de David, meu amigo. Na minha concepção, não iria ter problema. “Era só uma festa. Iríamos apenas nos divertir. Que mal havia nisso?” Era o que eu pensava. Pena que estava completamente enganado.
                Na volta, uma chuva forte começou. David, mesmo bêbado, fez questão de dirigir. A pista estava completamente molhada e ainda faltava muito para chegarmos em nossas casas. Não havia muitos carros, estava quase deserto. “Você gostou da festa, Ric?” Ele perguntou, enquanto dirigia, completamente embriagado. Meu nome é Ricardo, “Ric” é um apelido carinhoso que é usado pela maioria dos meus amigos e familiares. “Claro! Mas temos que voltar logo antes que seus pais descubram que você pegou o carro! E os meus pensam que ainda estou no quarto!” Eu respondi, rindo. E continuamos na estrada.
                Percebi que David estava quase dormindo ao volante. “David! Acorda!” Eu exclamei. Ele abriu os olhos e novamente prestou atenção na estrada. Peguei um dos CDs que estavam no porta-luvas e coloquei pra tocar. Achei que seria uma ótima maneira de evitar o sono. Porém me enganei.
                Num determinado momento da trajetória, chegamos a uma curva. David dormiu e não prestei atenção. Quando percebi, gritei seu nome e nada aconteceu. Meu amigo continuava desacordado por causa da alta quantidade de bebida alcoólica que ingeriu. O carro começou a deslizar na pista molhada descontroladamente e o volante não estava sob nenhum comando. Vendo o risco, logo coloquei o meu cinto de segurança.
                Tentei controlar o veículo, mas não deu muito certo. O corpo de David na cadeira do motorista dificultava meu acesso ao volante. “David! Por favor! Acorde!” Eu gritava. E não teve jeito. O carro saiu da estrada e acabou entrando em um matagal que havia ao lado, batendo em várias árvores.
Fechei os olhos.
Quando senti que o carro parara, fui abrindo-os lentamente... Primeiramente, mirei minha visão em David. Ele estava péssimo. Inconsciente e seu rosto muito ensangüentado. Tirei meu cinto de segurança e tentei acordá-lo. “David! David!” Eu exclamava, mas não conseguia nada. Peguei o braço dele e percebi que não havia pulso algum. Meu amigo só poderia estar morto. E, sem ter escolha alguma, peguei meu celular, que ainda estava intacto, e liguei para a polícia. Quando vieram, ligaram para os nossos pais. Foi uma situação desesperadora.
E o que temíamos aconteceu. David estava morto. Levá-lo para o hospital só seria perda de tempo. Tivemos que nos conformar.
Nos dias seguintes, seu enterro foi realizado na presença de sua família e amigos. Para todos, a única coisa a fazer seria seguir em frente e superar o acontecido. Afinal, David jamais iria voltar. Porém, no meu caso, algo diferente aconteceu. Uma coisa completamente inacreditável: o espírito dele me assombrava.

Gabriel Phelipe Dantas
Brevemente, a 2ª parte.

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