domingo, 23 de outubro de 2011

O peso da culpa


Parte II - Correndo para uma nova morte.

Era só questão de pensar nele. David me atormentava quase todos os dias. Algumas vezes, eu conseguia evitá-lo. Em outras, a grande maioria, chegava até a chorar. Mas ele tinha um objetivo, pelo que demonstrava. Toda vez que aparecia pra mim, David me culpava por sua morte. Eu o convenci a ir naquela festa. Se não tivesse feito isso, ele ainda estaria vivo. Isso estava me destruindo por completo.
E chegou uma hora que tudo desabou.
Por minha culpa, David havia perdido a vida. E agora ele queria me fazer perder a minha. Era isso que ele queria.
Um dia, minha irmã, Sarah, e eu estávamos na cozinha. “Então... Você está conseguindo assimilar tudo desde a morte de David?” Ela perguntou enquanto preparava um sanduíche. Atrás dela estava o armário onde colocávamos bandejas, panelas, tigelas, etc. Todos os objetos que utilizávamos para cozinhar. E, em cima do armário, havia um vaso de vidro que minha mãe havia posto lá porque não tinha nenhuma utilidade, mas esquecera de dar um fim a ele. “Digamos que ele ainda não morreu pra mim.” Eu respondi, completamente amedrontado pelo fato de David poder aparecer a qualquer minuto.
E meus temores se realizaram. Ele apareceu ao lado de Sarah e ficou me olhando. Em seguida, fitou o vaso de vidro que estava em cima do armário. Logo após, o objeto começou a se mexer. Iria cair na cabeça de Sarah! David queria me machucar de alguma forma. Quando percebi que já estava pra cair, gritei: “Pare!” E, conseqüentemente, minha irmã se assustou e se inclinou para o lado. O vaso caiu no chão.
“O que foi isso?!” Ela perguntou, completamente assustada. “Não foi nada!” Respondi. Aquilo tinha que ter um fim. Ele já não estava apenas me atormentando, também queria machucar quem eu amava. Eu tinha que acabar de vez com essa história.
Rapidamente, corri para a sala e peguei a chave do carro do meu pai sem ninguém saber. Saí de casa e parti para um lugar onde eu sabia que encontraria a solução do problema. Um penhasco. Eu tinha que me matar. Era isso que David mais desejava.
No caminho, ele apareceu no banco do passageiro. “Está feliz agora?!” Perguntei grosseiramente. “Só quero tirar de você o mesmo que você tirou de mim.” Ele respondeu. “Eu não tenho culpa se você bebeu demais! Sabia que ainda teríamos que pegar a estrada!” Revidei. “Você me convenceu a ir mesmo sabendo que não podíamos!” Essa havia sido minha culpa. “E eu sofri o tempo todo por causa disso! Mas, não se preocupe, já está perto de você se satisfazer!” O penhasco estava se aproximando. Estava tão rápido que consegui chegar em questão de minutos.
Quase lá... Tudo iria acabar, até que...
“Pare!” David gritou.

Gabriel Phelipe Dantas.
Em breve, última parte.

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